902 - Soneto do corpo despido
Desprevenida, olho-te nua e não resisto,
Algo nesse corpo existe que me impele
Contra as imperfeitas curvas da tua pele,
E que em mais nenhum outro tinha visto.
Envergonhada olhas-me de prazer misto,
Parado fico, cingido ao pequeno papel
De visitante, onde vestida estás anfitriã fiel,
Só de braços e pernas neste imprevisto.
Tão nua como nunca te ver deixaste,
Tão banal, tão apenas tu. Em haste
A cerimónia do corpo fizeste esquecer.
Só neste curto instante pudeste ser
Diferente da mulher que usaste,
Para o teu verdadeiro corpo esconder.
Desprevenida, olho-te nua e não resisto,
Algo nesse corpo existe que me impele
Contra as imperfeitas curvas da tua pele,
E que em mais nenhum outro tinha visto.
Envergonhada olhas-me de prazer misto,
Parado fico, cingido ao pequeno papel
De visitante, onde vestida estás anfitriã fiel,
Só de braços e pernas neste imprevisto.
Tão nua como nunca te ver deixaste,
Tão banal, tão apenas tu. Em haste
A cerimónia do corpo fizeste esquecer.
Só neste curto instante pudeste ser
Diferente da mulher que usaste,
Para o teu verdadeiro corpo esconder.


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