segunda-feira, agosto 21, 2006

1150 – Vento por detrás da porta

Ouço-te e és o vento por detrás da porta,
Misteriosa e sensual no teu alcance,
Adivinho-te dançando até que se canse
O teu corpo nacarado. E não me importa

Esperar-te um pouco nesta hora morta,
Para que meu corpo urgente se amanse
No teu após a dança, e ébrio descanse,
Do que me dás e me tiras da aorta.

Contorcidos, um pelo outro subindo,
Já nos sinto, avançando, aliados,
Frondosas heras no sangue se diluindo.

Assim te espero silhueta, sombra esguia,
Os nossos corpos unidos, reconciliados,
A noite inteira até ao nascer o dia.