segunda-feira, agosto 21, 2006

1155 – Última morada

Este que sou e te dou sem mais nem menos
Ao teu uso, ao gasto em tuas mãos tão nossas,
Em carícias vãs e vãos acenos
Nas noites frias, escuras e grossas,

Sabe que és, fruto destes ímpetos serenos,
A última morada que procuro, e possas
Assim, nos teus braços pequenos,
Embalar-me num sono fundo e sem mossas.

Que o teu corpo achado na noite oculta,
Se transforme no meu berço perdido,
E o túmulo da minha carne insepulta.

Deixa-me e usa-me tal como a ti me dou,
Ao abandono deste viver sem sentido,
Por só estar comigo quando contigo estou.