segunda-feira, setembro 25, 2006

1164 – Marco-te com a fome em meu rosto

Marco-te com a fome em meu rosto,
O corpo é macio, a carne quente e doce.
Arde-te a mordedura como se fosse,
A minha boca culpada de fogo posto.

Desaguas nos lençóis, é tarde em Agosto,
E nem assim este fogo apagou-se,
Nós, assim, na noite não temos posse,
Somos trágicos, ambíguos sem desgosto.

Não me digas que não, não te perdoo,
Perde-te nessa vontade redentora
Que corpos suporta em pleno voo.

Vem, que teu corpo o meu desespera
E deixa clarear o mundo lá fora,
Que a noite será sempre mais sincera.