domingo, janeiro 14, 2007

1174 – Desvendar

Nos lençóis do céu feérico desvendamos,
Febris mistérios de gozos e vendavais
Em desorbitados corpos sensuais,
Quanto mais no outro nos procuramos.

Com as mãos te pertenço, nos tocamos,
Com a língua nos benzemos, infernais,
E pedimos o que não podemos dar mais,
E rendidos de joelhos nós rezamos.

A hora com os corpos se esgota,
É tarde neste final rubro e triste,
Evaporas-te lentamente gota a gota.

E nua sob a luz quente do quarto,
Adormeces do teu segundo parto,
E eu olho-te como nunca te viste.